quarta-feira, 1 de julho de 2009

Os reflexos da crise econômica na juventude brasileira

por Tales de Castro

É tempo de crise. Em todo mundo os governos implementam políticas de contenção daquilo que se chama recessão na economia.

Originada pelo sistema de especulação financeira, a crise econômica começa a apresentar seus reflexos na economia real da população. Desemprego, alta dos alimentos e combustíveis, são algumas reações provocadas pela irresponsabilidade da auto regulação do mercado. Dependente do humor financeiro dos especuladores, a economia mundial se vê hoje com a necessidade de rever sua própria dinâmica de funcionamento, já que forçados pelo atual conjuntura, até mesmo a elite, vem a defender a intervenção do Estado na economia.

A defesa desta intervenção sempre foi feita pelos movimentos sociais e partidos de esquerda, que propuseram ao longo da história a necessidade do Estado ser indutor das políticas sócio-econômicas. Esta proposição sempre visou que a economia fosse gerida a fim de atender as grandes demandas populares, na perspectiva da distribuição de renda para diminuição da pobreza e da desigualdade social.

Com sua linguagem falseada e sustentada pelos grandes meios de comunicação, a elite brasileira está organizada para levar suas “propostas” de contenção da crise a cabo. Flexibilização e cortes de gastos, são algumas das nomenclaturas mais usadas neste momento. A FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), por exemplo, alem de pedir ajuda financeira, entregou ao governo federal uma proposta de flexibilização das leis trabalhistas. Flexibilização que fundamentalmente se resume a redução dos salários dos trabalhadores. Ou seja, mais uma vez quem paga o pato são as classes de baixa renda, que em momento algum tiveram responsabilidade no surgimento desta crise.

No mesmo sentido a juventude de nosso país é afetada. Segmento que representa cerca de 40% da mão de obra no Brasil, hoje se vê mais uma vez nas mãos do sistema financeiro como objeto de garantia da continuidade do sistema capitalista.

Além disso, por conta da proliferação das universidades particulares realizada na década de 90, boa parte dos estudantes destas instituições corem grandes riscos de terem seus estudos parados, já que varias destas universidades, como a Unianhanguera, tem ações na bolsa de valores, que neste momento propõe corte de gastos em sua estrutura interna.

Jovens trabalhadores que lutam para concluir um curso superior, vêm suas vidas estudantis em risco por conta da gula financeira dos tubarões de ensino.

Neste sentido o movimento estudantil em conjunto com o movimento social, precisa organizar ações que embasadas numa proposta de contenção da crise, possa interferir diretamente pra que a juventude e o povo brasileiro não sejam obrigados a pagarem uma fatura que não são suas.

Mobilizações em torno de bandeiras concretas são fundamentais para que a classe trabalhadora, através dos movimentos sociais, seja ouvida neste momento.

Devemos ir para as ruas defender a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, para que haja geração de emprego em nosso país na contraposição aos cortes de gastos (lê-se cortes de verbas para educação e saúde) propostos pela elite. Devemos ir para as ruas defender 10% do PIB para educação, pois é através da expansão da educação publica, gratuita, emancipadora e cidadã que vamos garantir o desenvolvimento de nosso país produzindo pesquisa, ciência e tecnologia para atender as demandas populares. Acima de tudo devemos ir paras as ruas defender MAIS ESTADO, para frear as conseqüências danosas da auto regulação do mercado.

A juventude brasileira precisa estar atenta a esta nova conjuntura, pois o nosso protagonismo irá derrotar de vez o neoliberalismo no mundo, influenciando para a construção de um novo modelo de sociedade.

A disputa de corações e mentes deve ser feita dia a dia, na busca da mudança de valores e da cultura, fazendo com que as pessoas cada vez mais defendam o meio ambiente e a vida em detrimento do capital.

Esta disputa é central para influenciarmos na construção de um país cada vez mais democrático e soberano, onde a juventude não seja refém daqueles que só pensam em seu próprio bem estar.

Tales de Castro é vice Presidente da UNE

O Movimento

DA IDEOLOGIA

O Movimento Mudança Universitário é um campo político do Movimento Estudantil brasileiro, composto exclusivamente por estudantes da educação superior e organizado em todas as esferas do movimento estudantil (CA’s, DCE’s, UEE’s, Federações e Executivas e na UNE). A Mudança, como também somos chamados, é um campo dirigente, de esquerda e democrático.

Nossa organização se dá a partir de núcleos de base organizados em cada Universidade e são os representantes desses núcleos que tomam as decisões mais importantes sobre nossa política e sua execução.
Esse método já demonstra onde, para nós, está o núcleo mais importante do movimento estudantil: nas organizações de base.

O Movimento Mudança, portanto, é uma congregação nacional de estudantes, grupos e entidades de base que têm opiniões semelhantes sobre o mundo, o Brasil, a Educação e o Movimento Estudantil. E que, percebendo a semelhança entre suas idéias e sua prática, unificam-se em todo o país para que, assim, com um monte de mudança em um monte de lugares, as mudanças fiquem mais fortes, cresçam e continuem mudando.

Resumidamente: a Mudança pretende se dar através de um-monte-de gente-fazendo-movimento-de-base-em-todos-os-cantos-do-país, para que, com a massificação de uma prática diferenciada em todos esses espaços, possamos democratizar o movimento estudantil, a universidade e a sociedade. É uma coisa tipo não esperar algo acontecer para mudar as coisas, mas fazer algo acontecer para mudá-las. Por isso nosso mote é “Mudança é Movimento”, porque só com movimento - e não com discurso - a gente muda de verdade.

A apresentação é uma parte difícil porque é muito difícil definir uma coletividade, cheia de complexidades e pluralidades, pior ainda quando é por escrito, quando o melhor critério é a prática. Mas afirmar nossas convicções máximas pode ser um bom caminho, e, por isso, repetimos:

Estamos do lado do povo. Porque as coisas não são difíceis de identificar: direita é direita, esquerda é esquerda, explorador é explorador e os oprimidos têm que ser organizar coletivamente. Nós estamos deste lado, contra as opressões de todas as formas. Contra o egoísmo dessa terra de gigantes, individualistas, que querem deixar ao “mercado” o que deve ser responsabilidade das pessoas. Que querem tratar como objetos, o que é gente, vida, irmandade.

Estamos do lado da felicidade. E por isso lutamos. Pela felicidade de todos e todas, porque não é possível sermos felizes com tanta tristeza e miséria ao nosso redor. Do lado das mulheres violentadas, dos revolucionários incompreendidos, dos operários explorados, das crianças famintas. Estamos do lado da paz entre os povos. Da liberdade religiosa. Do respeito às diferenças. Da linda pluralidade do mundo.
Estamos do lado da Educação Pública. Porque todos e todas têm o direito a se formar, se informar, conhecer, questionar, produzir, pensar, interferir, falar e ser ouvido. O mundo do conhecimento deve ser patrimônio coletivo, sem exclusão, com qualidade, igualdade e de graça. Porque tem que ser tarefa do Estado investir na emancipação de seu povo e no desenvolvimento.

Estamos do lado da Democracia. Para que cada um tenha liberdade de expressar sua opinião com as mesmas condições que qualquer outro. Para que os espaços decisórios dos grandes aos pequenos dilemas tenham as portas abertas à novidade e às divergências. Porque é na contraposição das idéias que surgem as soluções mais inteligentes. Queremos a radicalização da democracia. Nas escolas e fábricas. Nos municípios e países. Nos movimentos sociais e na cultura. Porque ninguém é detentor das verdades e ninguém é receptáculo vazio.

Estamos do lado da Juventude. Porque sonhamos e podemos. Queremos trabalhar, estudar e nos divertir. Da nossa forma colorida e sem limites. Com guitarras ou skates, livros e muitas canções. Queremos nossos direitos. Da nossa forma responsável e despojada. Somos uma nova geração de indignados e, assim, revolucionários cheios de sentimentos de amor. Nosso palco são as ruas. Nossas armas, as pessoas que lutam.

Estamos do lado dos Movimentos Sociais. Expressão do povo organizado. Estamos do lado do povo desorganizado também. Mas sabemos que somente nos organizando podemos desorganizar essa ordem do Império e da injustiça. Estamos com os movimentos campesinos e quilombolas pela Reforma Agrária popular. Com os movimentos negros e indígenas pela igualdade racial. Com os movimentos feministas contra a opressão machista e a exploração sexual. Estamos com o movimento operário pela emancipação dos trabalhadores. Do lado dos movimentos gays pela livre orientação sexual. Com os movimentos culturais pela nossa soberania. Estamos, enfim, em movimento. Porque “quem não se movimenta, não sente as cadeias que o prende”.

DOS PRESSUPOSTOS

Pressuposto 1: A cultura política de nossa sociedade capitalista fragmenta as relações sociais e impõe o indivíduo acima da coletividade. Na Universidade essa cultura é estimulada, até porque todo o processo educacional segue a lógica do sistema: oportunidade substitui os direitos, a concorrência combate a solidariedade e o tecnicismo sepulta a consciência crítica.

Pressuposto 2: O Movimento Estudantil vive uma crise, condicionada pelos fatores objetivos do sistema capitalista (individualismo, mercantilização, privatização da educação) e também por sua cultura política burocrática, aparelhista, viciada e centralizadora. Também a confusão ideológica quanto ao inimigo comum dificulta a unidade fundamental às grandes vitórias e acaba por despolitizar a disputa de idéias.

Pressuposto 3: A crise do movimento estudantil é estrutural, se disseminou em todas as esferas e pelos mais diversos campos políticos, inclusive os que se auto-nomeiam apolíticos. Por isso, consideramos um equívoco a análise de que os problemas do ME são exclusividade da UNE e de uma só força política. Este erro de avaliação despolitizado ignora fatos concretos como a falência de boa parte das Federações e Executivas de Curso, da ampla maioria das UEE’s e o baixíssimo número de DCE’s excelentes, democráticos, reconhecidos por seus estudantes. O ME precisa, em caráter de urgência, se debruçar na resolução de seus problemas pela raiz e refugar a opção fácil e irresponsável de bradar a partir de entidades esvaziadas e deslegitimadas que a entidade-do-outro é esvazida e deslegitimada. A Universidade e os estudantes agonizarão caso o movimento estudantil não interrompa imediatamente a sua cultura da disputa-interna-acima-de-todas-as-coisas. Disputa que se torna ainda mais condenável quando se dá com elementos artificiais, com críticas que poderiam perfeitamente ser auto-críticas. Para superar esse cenário, é preciso construir uma nova cultura política em todo o sistema, através de um esforço unitário de todos os campos políticos, militantes e estudantes brasileiros.

Pressuposto 4: Acreditamos que atualmente o Movimento Estudantil tem melhorado sua ação subjetiva e fatores objetivos têm colaborado para o reencontro de nossas bandeiras, principalmente no campo nacional, particularmente, a União Nacional dos Estudantes. A ampla unidade de ação e opinião construída no ME nacional no último período também tem possibilitado avanços na conjuntura, nas políticas educacionais e na organização do próprio movimento. Acreditamos ser este um momento propício para reencantar e transformar o Movimento Estudantil em todas as suas esferas, fortalecendo de baixo para cima a partir de núcleos organizados e sintonizados com a máxima de que “importante é o movimento”.

DOS FINS

O Movimento Estudantil deve servir, primeiramente, como alternativa de organização e construção da consciência coletiva para a transformação de nossa realidade. Deve apontar uma alternativa de vida universitária para além dos bancos, fórmulas e códigos. Deve estimular o debate de idéias, a contraposição de opiniões, promover a vida cultural, científica, democrática, esportiva, comunitária no espaço universitario. O próprio ME deve ser compreendido como um espaço alternativo de formação educacional, complementar e indispensável à formação acadêmica.
Como organização coletiva e as entidades representativas, o ME também deve lutar por direitos. Exigir a qualidade e a formação completa no processo educacional, libertando a Universidade da cultura individualista, liberalizante, mercadológica e tecnicista. Cada instância do Movimento Estudantil deve lutar por direitos educacionais e sociais em sua esfera de atuação.

Portanto, para construir junto com os estudantes uma consciência crítica que nos liberte da opressão e da limitação mercadológica e para transformar radicalmente a Universidade e a educação, o Movimento Mudança defende um movimento estudantil que tenha na participação dos estudantes sua principal determinação. Que seja feito pela base, com diálogo amplo e plural, de forma articulada entre todas as esferas de movimento. E que tenha a capacidade de unificar a luta pela superação do capitalismo, por direitos iguais e pela educação emancipatória com o avanço concreto nas necessidades e direitos cotidianos dos estudantes brasileiros.

Mudança é Movimento

Este é o blog do Movimento Mudança, organizado na cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, movimento social que disputa a une e constrói através do movimento estudantil muitas intervenções em busca de uma sociedade mais justa e mais igualitaria. O portal da Mudança é mais um instrumento de contraposição de idéias e de fomento ao debate academico e militante, um espaço de reflexão e organização do movimento estudantil.

A construção aqui se da de forma direta, quem participa e intervem nos rumos da opinião publicada aqui são os militantes desse movimnto que constróem na prática ações diretas de confronto à lógica hegemonica que entope nossos meios de comunicação, deturpa nossa cultura, e massifica os indivíduos.

Nos movimentamos por uma educação diferente, uma educação popular que de conta dos anseios da sociedade sem se atrelar aos interesses do mercado. Somos a favor de uma universidade publica gratuite e socialmente referenciada, que encontre na extensão popular a ferramenta de ligação entre o ensino, e pesquisa e a extensão, levando a unversidade para sociedade e trazendo a sociedade para dentro da universidade.